Os
elefantes... vamos deixar pro fim...
...
E o tempo passou...
De repente, não mais que de repente senti o peso dos anos, acho
que estou ficando velho... afinal, foi tudo muito rápido, nem vi
os anos passarem, ou vivi. Ainda ontem, estava num berço de
palha em Rosário de Minas.
Ainda ontem morava em Paula Lima, Chapéu D’Uvas, Benfica e em
pensões no centro de Juiz de Fora. Meu Deus! Como esquecer os
tempos de Granbery; os colegas de classe e os professores!?
E de repente estava trabalhando na Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), em Volta Redonda –– RJ, onde galguei postos
importantes e inesperados. Fui até presidente de uma empresa
controlada da CSN. Inacreditável mesmo:
um moleque sem eira nem
beira chegou lá: nas alturas. O caminho foi tão difícil, que
nem percebi sua dureza. De repente... fiz oitenta anos. A ficha
caiu? Acho que sim... Sinto a vida pesar e muito, desde então,
ao entrar em ônibus, sinto alguém bater em meus ombros e ceder
lugar para mim. Comecei a pensar no que passei, nas agruras e
nos bons tempos. E também no que virá... estou com medo, sim...
Acho meu horizonte curto, mas quando partirei? Será logo, logo,
ou vou ter um adicional de sobrevivência? Terei revalidação de
prazo, ou vão puxar minha ficha? Tenho receio do outro lado da
estrada, da escuridão, ou será a luz. Bem, não adianta chorar
sobre leite derramado; vou mesmo ter que bater um papo com Ele,
quando tudo será esclarecido. Talvez ouça aquela frase surrada:
“Meu filho, quando sua vida era mais pesada eu ajudei a
carregá-la”. Vamos acreditar que assim será. Aliás, esta
hipótese é melhor do que encarar o ‘portador da luz’. Pena que
não possa trazer notícia da experiência no além; ninguém pode,
ninguém voltou de lá para nos dizer...Neste mês de setembro,
2014, nos dias 13, 14 e 15, resolvi voltar a Juiz de Fora para
rever a cidade que tanto amei e ao mesmo tempo rever amigos.
Também queria participar dos festejos dos 125 anos do Granbery,
o colégio que foi oásis da minha vida. Foi muito bom ter
voltado. Visitei Antônio (Toninho) Teixeira de Carvalho, colega
de adolescência em Chapéu D’Uvas, e em JF. Encontrei-o em sua
casa, no Bairro São Mateus. No dia do encontro, Toninho não pode
conversar, porque havia um problema em suas cordas vocais. Foi
emocionante nos revermos setenta anos após. Toninho e esposa
foram tão agradáveis comigo, ficaram tão alegres; conversamos
por escrito, tomamos farto café, quando, então, aproveitei para
relembrar que era o segundo café que tomávamos juntos; o
primeiro foi na sua fazenda, em Chapéu D’Uvas, e preparado pela
senhora sua mãe Helena. Quanto pó de saudade levantou! Quantas
risadas e choro demos. Deus lhe abençoe Toninho, amigo do
passado remoto. Que Deus lhe dê muita paz e muita saúde! Ainda
no mesmo período, fui ao Granbery onde revi Arnaldo Mendes dos
Santos, uberabense, meu antigo colega de quarto no internato do
Granbery. Arnaldo chorava como criança e afirmou que se eu não
aparecesse, ele iria a minha casa, em Volta Redonda, para me ver
(quanta honra!). Digo que ele faria isso, por que veio de
Uberaba a JF, poderia ir a Volta Redonda; seria só mais um pulo.
Recordamos brincadeiras como colegas quarto, as chicotadas com
toalha, e de Dona Marta a inesquecível mestra e chefe de
dormitório dos menores. Afinal, tínhamos apenas 13 e 14 anos
respectivamente. Inesquecíveis tempos, dulcíssimas recordações.
Na mesma festividade, reencontrei Affonso Henriques Prates
Corrêa, o colega de turma, no primeiro ginasial. Este menino não
precisava estudar para tirar nota 10 (um cérebro privilegiado).
Estava escrito que minhas emoções seriam maiores ainda. Ao
passar, com minha irmã, Norma (Norminha) ao lado do antigo Grupo
Escolar Antônio Carlos, em Mariano Procópio, bairro de JF, eu
senti imensa, incontrolável vontade de entrar no templo, onde
fiz o quarto primário. A portaria é a mesma. Entrei... à
atendente falei: “Moça, estudei aqui em 1945, por que sei a
data? porque foi quando a II Guerra Mundial terminou. As aulas
foram suspensas, fomos ao pátio onde a diretora discursou sobre
o fim da guerra e tocaram o sino em regozijo” –– e disse mais
ainda: –– “Minha professora chamava-se Rosa Ladeira Halfeld”.
Consegui a relação dos aprovados, e meu nome estava lá.
Instantaneamente relembrei de Dirceu Pinto Ribeiro, meu colega
de classe e protetor. Não ficou só nisso, ainda visitei Dirceu
que me pôs a par de suas realizações na vida (um vitorioso).
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