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Recordar é Viver!

por Asséde Paiva
(rosarense), bacharel em Direito e Administrador. Autor de Organização de cooperativas de consumo (premiado no IX Congresso Brasileiro de Cooperativismo, em Brasília); Brumas da história do Brasil. RIHGB nº 417, out./dez. 2002; Possessão, São Paulo: Ícone Editora, 1995; O espírito milenar, Goiânia: Editora Paulo de Tarso, s.d. Trabalhou na CSN 35 anos.

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Rio Paraibuna –– Final

Estou finalizando a trilogia do rio Paraibuna. Os habitantes de Juiz de Fora deram um grande abraço ao Rio. O registro deste abraço (um brado de alerta) está na foto que se segue, feita por Toninho Carvalho, em junho de 1988 e inserida in Tribuna de Minas, 30 anos, p. 60, set. de 2011, de onde a pincei e coloquei aqui, neste modesto trabalho, com os devidos créditos. Passaram quase 25 (vinte e cinco) anos, pasmem todos, um quarto de século, cabe aqui a pergunta: O que fizeram desde então?


Morei 12 anos às margens do Paraibuna, onde pesquei, trabalhei nadei. Moro, agora, às margens do rio Paraíba do Sul; este rio sofre tanto quanto o Paraibuna ou mais. Em tempos de estiagem, suas águas são escuras, fedem e carregam enormidade de detritos orgânicos e industriais. Certa feita, indo de Juiz der Fora ao Rio de Janeiro,via Petrópolis, ao aproximar de Petrópolis os passageiros tiveram de fechar a janela do ônibus e tapar o nariz tal era o miasma insuportável que exalava o rio Piabanha. Que pena nossos rios estejam morrendo! Que pena! Pois somos nós, o povo, os seus algozes.
Conheço um poeta voltarredondense que participa de nossos sentimentos sobre estes rios, meio ambiente, poluição etc.; aproveitei para sugerir que escrevesse algo sobre o tema que nos aflige. Ele nos brindou comum a poesia que orgulhosamente apresento aos leitores e leitoras. Parabenizo Norberto e os que o ajudaram: Renato Ribeiro de Almeida (internet) e Cirlene Moreira de Freitas Faria (digitação). Norberto é um poeta livre,consciente, moderno,voltado para a ecologia. Suas poesias retratam preocupações com a biodiversidade e a devastação do homem. Sem mais delongas, segue o poema sobre o rio Paraibuna:

Sou o rio Paraibuna pedindo socorro
(Norberto José de Freitas)

1
Na Mantiqueira nasci
Em grande altitude.
É do alto que eu grito
Pra que você me ajude,
Pra que sacie sua sede,
Eu preciso de saúde.
2
Perto de Santos Dumont
Vou cumprindo a missão.
Lembro-me do meu passado
Brasil sem poluição.
Até já matei a sede
Do pai da aviação.
3
Asséde Paiva, criança.
Um anzol ele trazia
Parava de tardezinha
Numa curva que eu fazia
Quando pegava um peixe
Oh! meu Deus, quanta alegria.
4
Passo por Juiz de Fora
Que é formosa cidade.
Vou pedir muita atenção
Das grandes autoridades
Tenham compaixão de mim!
Poluído, sem piedade.
5
Onde passava correndo
Hoje eu fico quase parado.
Fazia um lindo barulho
Agora estou calado.
Sou depósito de sujeira
E me sinto sufocado.
6
Por ser o Paraibuna, eu tanto me orgulhava,
Minha água cristalina,
A minha areia brilhava.
Hoje não me têm respeito
E se houvesse um jeito,
Por socorro eu gritava.
7
Passo em Matias Barbosa,
Ressoando meu barulho.
Eu sei que lá vou pegar
Mais um pouco de entulho.
Mas não me sai da memória,
Do passado me orgulho.
8
Quando encontro o rio Preto,
Fico um tanto acanhado.
Só trouxe poluição
E peixe contaminado.
E o mau cheiro de esgoto
Dentro de mim jogado.
9
Passo em Levi Gasparian
E Santana do Deserto.
Eu cumpro o meu papel.
Em todo meu trajeto
Vou encontrar o Paraíba
Que daqui é muito perto.
10
Desculpem-me os municípios
Aqueles que esqueci.
Só vou citar Chapéu D’Uvas
Da prainha envaideci.
Parabéns Antônio Carlos
Território onde nasci.
11
Paraibuna e Paraíba, rios que foram citados,
Encontram o Piabanha que também é prejudicado
Descem os três rios juntos
Recordando o passado
Mas quando chegam ao mar
Estão muito envergonhados.

Texto publicado no Benficanet em 25/01/2013
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Comentários:

Julia Ribeiro de Freitas - Benfica - Juiz de Fora - MG - 27/01/2013
O poema é maravilhoso. Sinto não poder dizer a mesma coisa do nosso querido rio. Parabéns Asséde, você soube passar para o papel o mesmo sentimento que tenho: tristeza! Onde estão os políticos da cidade? kkkkkkkkkk estão nem aí para natureza!

Helena de Paula - Praia Grande - SP - 25/01/2013

Muito boa a matéria... Este rio fez parte de minha infância! Saudades!
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