por Asséde Paiva
(Rosarense), bacharel em Direito e Administrador. Autor de Organização de cooperativas de consumo (premiado no IX Congresso Brasileiro de Cooperativismo, em Brasília); Brumas da história do Brasil. RIHGB nº 417, out./dez. 2002; Possessão, São Paulo: Ícone Editora, 1995; O espírito milenar, Goiânia: Editora Paulo de Tarso, s.d. Trabalhou na CSN 35 anos.
 
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Texto publicado no Benficanet em 11/12/2017

  

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Nasce o Sol, e não dura mais que um dia;
Depois da Luz se segue à noite escura;
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegrias.
(Gregório de Matos)

 

Vou escrever um pouco mais sobre meu bisavô Neneca de Almeida. Seu nome era Manoel Antônio de Almeida, cc Maria Ignácia de Oliveira. Foi proprietário da fazenda dos Arrependidos, situada entre Penido e Valadares, ao lado da via permanente que ia de Juiz de Fora a Lima Duarte. Quem olhar aquele platô ao pé de dois morros altos, não acredita que ali era a fazenda dos Arrependidos. Não conheci meu bisavô, pessoalmente, pois, apenas fui a sua casa quando ele estava pra morrer e não tive acesso ao seu quarto. Naquele tempo, existia o péssimo costume, horrível mesmo, de parentes se aboletarem na casa do moribundo esperando sua morte e o velório. Assim, o doente quase sentia na obrigação de morrer para atender o pessoal em volta dele, que pululavam como aves de mau agouro. Eu os ouvi papaguear algumas vezes: “Acende a vela, ponha na mão dele; pegue o retrato de Nossa Senhora e ponha no seu peito!” Assim, aconteceu com meu bisavô, um show de horror aos meus olhos de criança. Em sua casa/fazenda, arrodiado de vinte ou mais pessoas, ele agonizava, esperando o terror das gentes, e enquanto não vinha, os presentes (parentes ou não) comiam e dormiam e rezavam o terço... e comiam e choravam. Evidente, o pessoal comeu tudo, antes que ele atendesse os reclames da morte. E quando meu avô finalmente se foi, pouca coisa restava. Meu bisavô era muito bom e talvez muito bobo. No tempo da construção do ramal de Lima Duarte, a estrada de ferro estancou em Penido e viajantes, tropeiros mascates, parentes, pernoitavam e comiam a custa de meu bisavô, fossem estranhos, amigos ou não. Também, no tempo das águas, e naquele tempo chovia muito mais que hoje em dia, o dilúvio inundava as várzeas. Os viajantes com destino além Penido, ficavam dias e meses na fazenda de meu bisavô, comendo, bebendo, dormindo e dando pasto a bois e alimárias. Meu bisavô foi hipotecando terras aos comerciantes ou atacadistas e onzeneiros de Juiz de Fora bem como aos bancos; por fim, os banqueiros tomaram as terras como pagamento de dívidas não pagas ou honradas. Assim, a fazenda dos Arrependidos foi parar em outras mãos.

Sobre a bondade inata de Papai Neneca tenho este testemunho: certa feita ouviu-se barulho no chiqueiro, o latido de cachorros e ele chegando à varanda viu um vulto no paiol de milho. Seu filho, Nenego, chegou com espingarda já engatilhada, disposto a atirar no intruso. Foi Papai Neneca que gritou: “Foge ladrão, foge! Se não Nenego te mata!” Esta é a lenda...

Papai Neneca (nós o chamávamos assim) morreu pobre, mas rico em filhos que foram estes:

*Francisco Manoel de Almeida, cc Maria Ignácia de Oliveira (Nhanhá);

José Augusto de Almeida (Nenego) não se casou;

Joaquim Geraldo de Almeida Cc (?);

**Edwiges Adelaide de Almeida Guedes Cc Altivo Guedes de Morais;

***Guilhermina de Almeida Pinto (Bamina) Cc José Pereira Pinto (José Anjo);

Maria Nazaré de Almeida Cc Francisco Aquino Oliveira;

Teresa de Almeida Cc Olívio Gomes da Costa (Tete);

Ana Umbelina de Almeida Cc João Carlos Rezende;

Manoela de Almeida Cc (?);

Olívia??? Cc.

*São os pais de Maria das Dores de Almeida cc João Domingos de Oliveira (genitores do autor destas linhas).

**A genealogia de Edwiges Adelaide de Almeida Paiva está amplamente desenvolvida no blog Sebastião de Almeida Paiva.

Alguns dados pinçados no blog supracitado:

Uma filha (Conceição Guedes de Almeida) casou-se Emílio Pereira de Paiva. Eles são os pais de Sebastião de Almeida Paiva, médico cardiologista, residente em Juiz de Fora, casado com Marília Catão de Almeida Paiva.

*** Guilhermina de Almeida Pinto cc José Pereira Pinto, com esta prole: José cc Therezinha; Verônica de Almeida Pinto cc Geraldo de Paiva Matos(1); Maria Almeida Poly cc Joaquim Poly; Adelaide cc Augusto Teixeira; Conceição cc José Prudente; Paulo cc Regina; Manoel cc Emília Cabral Pinto; Ignácia (Inacinha) cc José Pereira; Celina cc Diger; Raimundo (padre); Gaspar (padre) e Carminha (irmã professa).

Eu, Asséde morei em Volta Redonda com o casal Geraldo e Verônica, donos da sapataria Clélia, sita à av. Amaral Peixoto. Conheci suas filhas Cleusa e Leila.

Volta Redonda, 15/4/2013

Comentários:

Natália Faria - Goiaba Barra Mansa - 29/09/2018

Amei viajar pelo tempo conhecendo história tão linda! Parabéns!
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