Matéria Especial Benficanet - 08/02/2019
A Missão

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Dizem que a gente vem à Terra com uma missão. Se tive uma missão, Deus se esqueceu de me entregar o manual de instruções. Então, bati cabeça aqui e ali a vida inteira e, no fim, nem sei se cumpri ou não meu compromisso.

Como dizem os sábios, quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve e eu cheguei lá... Como? Não sei! Mas nos desencontros da vida, dez mil máscaras usei, só Deus sabe o preço que por elas eu paguei. Bem, eu posso dizer que vivi segundo o caminho estreito (o da salvação).

Fui criado sob a égide da Igreja Católica, no tempo que a missa era celebrada em latim. Eu ajoelhava, levantava e tornava a ajoelhar e batia no peito dizendo/ouvindo mea culpa, mea máxima culpa, sem saber sequer o que era ser culpado. A prédica do padre, em geral, martelava os ateus, os judeus, os espíritas e os maçons. Depois isso acabou. Fui educado em colégio metodista e, já maduro, frequentei vários templos: Metodista, Batista, Luterano, Assembleia de Deus, Testemunhas de Jeová, Adventistas do Sétimo Dia e outros. Li o Livro dos Espíritos (de Kardec), do princípio ao fim, nele há questões e respostas muito pertinentes; tive noções da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias (Mórmons); estudei Logosofia; frequentei terreiros e sessões de Umbanda e Candomblé; concluí que todas as denominações religiosas/filosóficas queriam o meu bem.

Hoje, continuo católico não praticante. Também, continuo sem saber o que vim fazer aqui (falei que não me deram instruções). Aqui é terra de expiação, segundo os espíritas, ou vale de lágrimas, segundo os católicos. Sou fã de Bhagwan Shree Rajneeshe ou Osho.

Li muito sobre Jesus, e seu oponente: lúcifer ou diabo, para os íntimos. Minha vida foi pautada pela ética, pelo extremo amor à família, e à empresa onde trabalhei 35 anos.

Cometi erros querendo acertar; fiz besteiras, sabendo que eram besteiras mesmo. Arrependo de alguma coisa que fiz; se pudesse voltar atrás, faria diferente determinadas ações.

Li muito e posso afirmar que vai longe o tempo que perdi o leme do barco ou o barco não tinha leme. Vou navegando, navegando, sem saber minha origem, o porquê de tanto navegar e se irei chegar a algum lugar incerto e não sabido, já que este mundo é uma bola...

Invejo os que de tudo sabem e de nada duvidam. Eu sou uma interrogação ambulante... Talvez seja essa a nossa razão de nosso existir, mas com que fim? Somos irmãos/companheiros na estrada eterna. Sou passageiro, timoneiro, motor e barco. Se o barco não se move, o capitão afunda. Acho que afunda ou não? Minha única opção: navegar e navegar, pois atrás vinham outros nautas.

Quando eu for pro outro lado, vou fazer uma petição ao Senhor para conhecer minha folha corrida... Se tiver mais débitos do que créditos... vou encarar um retorno... e não quero. Concluo dizendo que a felicidade é utopia. Há obstáculos imensos a superar; na verdade, durante o fluir da vida só se tem momentos de extrema felicidade, no mais são dificuldades, ou matar um leão por dia.

A felicidade se constitui de marcos na longa e sinuosa estrada da vida.

No mais eu sou: luz e sombra / estrela cadente / um ser dormente, / SILENTE.

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