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Neste espaço, desejamos apresentar alguns fragmentos da memória local. Ele será dividido em:
PESQUISA, PERSONAGEM, ONTEM/HOJE e NOSSAS RUAS
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Para sugestões de temas em futuras atualizações, entre em contato com o site que teremos prazer em pesquisar.

Vanderlei Tomaz
Ex-vereador (autor da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura)
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PESQUISA
O BAIRRO ARAÚJO

    Situado na Região Urbana de Benfica, entre o Rio Paraibuna e a Avenida JK, o Araújo é cortado por dois córregos: o Três Pontes e um outro - canalizado em parte - ao longo da Rua Acyr José do Amaral. Margeiam o bairro: a ferrovia e a Avenida Garcia Rodrigues Paes (Acesso Norte). Totalmente plano, o lugar abriga cerca de 800 famílias. A maioria de suas crianças e adolescentes estudam nas escolas estaduais Almirante Barroso e Professor Francisco Faria.
   Sua ocupação teve início na segunda metade do século XIX, com o desmembramento da Fazenda Bemfica (com “m” mesmo) do Coronel Francisco Martins Barbosa. Entre os herdeiros de Francisco, estava sua filha Maria Eugênia Barbosa de Araújo que passou a ser a proprietária do sítio que deu origem ao Araújo.
    Maria Eugênia era casada com José Rodrigues de Araújo. Entre suas herdeiras estava Berenice Rodrigues de Araújo, casada com Manoel Duarte, e responsável pelo parcelamento de boa parte da área do bairro. Maria Eugênia era dona do primeiro hotel de Benfica: o Hotel dos Boiadeiros. Sua casa existiu no terreno onde hoje se encontra a Transportadora Ibor. No mesmo lugar, funcionou a primeira escola da região: a Escola Mista Rural de Benfica. Inaugurada em 1898, a escola teve como primeiras professoras: Maria das Dores Dias Lizardo Ferreira Leite e Djanira Augusta Barbosa. Neste lugar, funcionou até 1954, quando foi transferida para a Rua Martins Barbosa, esquina com Rua Marília, dando origem à Escola Estadual Professor Lopes.
   A Estação ferroviária é a edificação mais antiga da região. Sua inauguração ocorreu em 1º de fevereiro de 1877. Atrás da estação uma outra edificação centenária ainda chama a atenção: é a casa construída para ser a residência do chefe da estação. A obra é do final do século XIX.
    O bairro ainda conserva algumas casas construídas nos anos 30.
   Outra construção que desperta curiosidade está no início da Rua Eugênio Montreuil. A casa principal da chácara ali existente foi construída com outras três casas ao lado. Seu proprietário era Waldemar Delvaux Pinto Coelho (casado com Maria Amélia Gonçalves Delvaux). O terreno foi adquirido de Berenice R. Araújo em 1924. As casas eram pintadas na cor rosa, daí eram conhecidas como “Vila Rosa”, e veio a ser popularmente chamada de “Avenida Rosa”.
   O processo de crescimento do bairro acelerou-se a partir do início dos anos 30 quando o então prefeito de Juiz de Fora, Menelick de Carvalho, adquiriu do Coronel Horácio Lemos, proprietário da Fazenda Saudade (ocupada hoje pelo bairro Nova Era, pela Imbel JF, 4º GAC e parte da represa João Penido), parte das terras que viriam a sediar a Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia do Exército – FEEA FJF. Com o advento da FEEA (atual Imbel), conjuntos residenciais foram surgindo para receberem seus funcionários, construídos pelo Ipase (um extinto instituto de previdência do exército) nos anos 40 e 50. A fábrica chegou a ter quase dois mil servidores, sendo responsável pelo rápido desenvolvimento de Benfica e dos bairros que surgiram à sua volta.
   A comunidade passou, então, a ter essa divisão geográfica: Curtume, Avenida Rosa, Ipase e FEEA. Outros parcelamentos de terrenos no Araújo receberam os nomes de: Jardim Valparaíso e Esmeraldas.
   Na área do curtume (ou Vila Spada), destacam-se o Curtume Real e as cerâmicas dos irmãos José, Aurélio e Carlos, filhos do português Bernardino da Silva. Tanto o curtume e as cerâmicas têm mais de 50 anos de criação.
   Atrás da estação ferroviária, junto ao córrego Três Pontes, funcionou durante muitos anos uma cooperativa de produtores de leite e derivados. No antigo laticínio, eram produzidos os famosos leite e manteiga Benfica.
   Durante mais de 50 anos, existiu próximo à Imbel a estação de trens Coronel Felício Lima, demolida em meados dos anos 90 para dar lugar ao Acesso Norte. Conhecida como “paradinha”, no local também havia uma residência para funcionários da FEEA.
   Outra lembrança importante do lugar é a Avenida Ministro Espírito Santo (que dá acesso à ABCR). No local existia um comércio variado e muito freqüentado (armazém, açougue, alfaiataria do Célio, farmácia, loja de brinquedos do Sr. Palhares, barbearia do Waldivino e do Tatão, etc), além da praça Presidente Getúlio Vargas (onde está hoje a piscina e a quadra poliesportiva).
   Um fato histórico ligado à comunidade, diz respeito à Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas à Presidência do Brasil. Benfica foi cenário de fortes combates. Casas do Araújo foram invadidas e saqueadas. Nas proximidades da estação, soldados trocaram tiros com a resistência. A população aderiu aos revolucionários. As tropas revolucionárias foram ali comandadas pelo então Capitão Eduardo Gomes (mais tarde promovido a Brigadeiro e candidato a Presidente da República). Existem suspeitas de soldados sepultados no Araújo.
   Na comunidade, em prédio da antiga FEEA FJF, funcionaram duas tradicionais escolas: o Ginásio Felício Lima (primeira escola de segundo grau da região e que foi fundada pelo professor Murílio Hingel, que veio a ser mais tarde Ministro da Educação e Secretário de Estado da Educação) e a Escola da Comunidade Padre Gabriel Van Wyk. Próximo ao Ginásio Felício Lima existiu um cinema com 400 lugares: o CINE TEATRO AUDITORIUM, ocupado anteriormente por uma unidade de manutenção da FEEA. O cinema passou a funcionar na administração do Coronel Calheiros em 1948. Havia uma programação diária de filmes, além do espaço servir para outras atividades.
    No Araújo, sempre existiu uma certa tradição esportiva. Muitos dos jovens da comunidade, além de estarem envolvidos nas equipes locais, como: Central, Vila Nova, Avenida, ABCR, Santo Antônio, Black, Araújo, Colorado, Valluz e Independente, tiveram a oportunidade de jogar em outros clubes de tradição na cidade, como o Tupi, Tupinambás, Sport e o Benfica. No lugar, eram famosos os jogos disputados em campos de várzea, como o cai-n’água, beira-rio e beira-linha.
    Atualmente, a comunidade dispõe de uma tradicional opção de lazer e entretenimento: o clube da Associação Beneficente Cultural e Recreativa dos servidores da Imbel, a ABCR.
    Pelo lugar, passaram pessoas famosas, como o escritor e fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, em 1889, quando esteve representando o Ministro da Agricultura na inauguração da Feira de Gado de Benfica. Também por ali passou o Presidente Getúlio Vargas, em julho de 1935, quando foi visitar as obras de construção da FEEA FJF.
    Também no Araújo, residiram algumas pessoas que se destacaram em diversas áreas, como o músico Armando Fernandes de Aguiar - o Mamão - autor da canção “Tristeza pé no chão”, que fez grande sucesso nos anos 70 em todo o Brasil na voz da cantora Clara Nunes. Ali residiu André Nascimento, jogador da Seleção Brasileira de vôlei. Um dos maiores atacantes do mundo. Campeão mundial por várias vezes e medalha de ouro em Olimpíada. Durval Ventura, jogador de futebol do Fluminense do Rio de Janeiro nos anos 70, e Zé Carlos, jogador do Botafogo na mesma década, também são do lugar. O articulista do jornal O Globo, Artur Xexeo, filho do Coronel Xexeo (ex-diretor da FEEA), e o economista Mauro Halfeld (escritor, articulista de vários jornais e comentarista econômico de TV) moraram em casas da FEEA.

PERSONAGEM
FRANCISCO TEIXEIRA, O “SEU CHIQUITO”

   Nasceu em 03 de novembro de 1914, na fazenda que deu origem ao bairro Teixeiras, em Juiz de Fora, e faleceu em 09 de março de 2002. Filho de Virgílio José Teixeira e Leonilda Gonçalves Teixeira. Casado com Luzia Alves Teixeira, tiveram 13 filhos e dezenas de netos e bisnetos. Entre os seus filhos, está o Padre José Geraldo Teixeira, ordenado em 08 de novembro de 1971.
   Em 12 de maio de 1937 começou a trabalhar na FEEA/FJF, tendo aposentado nessa empresa.
   Formado em contabilidade, atuou como voluntário em inúmeros projetos sociais. Participou na fundação de várias maternidades nos municípios de Olaria, Santa Rita, São Domingos e Conceição de Ibitipoca.
   Foi um dos fundadores da Sociedade de Amigos de Benfica, do Esporte Clube Benfica e da Sociedade São Vicente de Paula no bairro.
   Foi de sua iniciativa a luta pela implantação da Escola Municipal Maria das Dores Dias Lizardo Ferreira Leite, em Benfica, no governo do Prefeito Agostinho Pestana.
   Nomeado pelo Bispo Dom Geraldo M. de Moraes Penido, inspecionou e orientou as ações sociais durante 12 anos em todo o território da Arquidiocese de Juiz de Fora.
    Chiquito foi um exemplo de cidadão preocupado com o bem estar de sua comunidade. Como chefe de família, conseguiu materializar a parábola de Jesus sobre o homem que bem edificou a sua casa sobre a rocha. Como amigo leal e solidário, Chiquito fez de seu lar uma extensão de todos os lares de quem o procurava em busca de assistência.
   Em 1996, através de iniciativa do então vereador Vanderlei Tomaz, a Câmara Municipal outorgou-lhe o título de Cidadão Benemérito de Juiz de Fora. Por sugestão de Vanderlei, a Câmara também aprovou projeto de lei que dá o nome de Francisco Teixeira à Unidade Básica de Saúde da Vila Esperança I. 

ONTEM / HOJE
Avenida JK em 1955, nas proximidades da Promat.
Na foto aparece o então vereador Ignácio Halfeld. A imagem seguinte é um flagrante do mesmo local em 2008.
NOSSAS RUAS
Esta coluna é uma oportunidade para você conhecer quem é a pessoa que dá nome à sua rua. Envie para o site sugestões de pesquisa sobre outros nomes que procuraremos informar nas próximas atualizações. 
    • RUA PORTO SEGURO  (antiga Rua B), em Benfica – Decreto Nº 129, de 28/11/1944, de autoria do Prefeito José Celso Valadares Pinto.
      CEP 36090-260
      Porto Seguro é um município situado no litoral da Bahia, fundado em 1534. Possui sítio histórico do período colonial brasileiro, além de paisagens naturais que atraem milhares de turistas. O lugar ostenta o marco do Descobrimento do Brasil, e foi o local onde aportaram os navegantes portugueses em abril de 1500.
       
    • RUA DOUTOR LUIZ PALETTA no Araújo – Decreto Nº 112, de 27/11/1950, de autoria do Prefeito Dilermando Martins da Costa Cruz Filho.
      CEP 36090-210
      Luiz de Abreu Paletta nasceu em Juiz de Fora em 1898 e faleceu em 1950. Filho de Felipe Luiz Paletta e Maria José de Abreu Paletta. Casado com Iolanda de Assis Palletta. Advogado da Justiça Militar e membro do Conselho Consultivo da Prefeitura de Juiz de Fora. Como futebolista, era ligado ao Sport Club de Juiz de Fora.
       
    • RUA BARTOLOMEU BUENO (antiga Rua L), em Benfica – Decreto Nº 129, de 28/11/1944, de autoria do Prefeito José Celso Valadares Pinto.
      CEP 36090-480
      Importante bandeirante, responsável por desbravar o Brasil central no final do século XVII, Bartolomeu Bueno da Silva foi apelidado pelos índios tupis de Anhangüera (“diabo velho”). Diz a lenda que ao chegar em uma aldeia e perceber que algumas índias estavam adornadas com colares ostentando chapas de ouro, Bartolomeu pôs fogo em uma tigela com aguardente, dizendo que era água. O bandeirante, então ameaçou incendiar as fontes e os rios se os índios não contassem de onde saiu o ouro que exibiam.

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