Neste
espaço, desejamos apresentar alguns fragmentos da memória local. Ele
será dividido em: PESQUISA, PERSONAGEM, ONTEM/HOJE e NOSSAS
RUAS.
Para sugestões de temas em futuras atualizações, entre em contato
com o site que teremos prazer em pesquisar.
Vanderlei Tomaz Ex-vereador (autor da Lei Murilo
Mendes de Incentivo à Cultura)
Benfica é uma das comunidades mais antigas de Juiz de Fora. São
inúmeros os registros que citam Benfica como um povoado que já
existia em meados do século XIX.
Existe uma certa curiosidade das pessoas em relação à origem desse
nome. Por que “Benfica”? São diversas as lendas que procuram
responder a questão.
O escritor juizforano Lindolfo Gomes, em seu livro “Contos
populares brasileiros”, trouxe a seguinte versão: “Lenda do topônimo Benfica. Dizem que há
muitos anos, tempos em que Benfica era apenas um sítio ou
fazenda, um casal de jovens então recentemente consorciados, em
plena lua de mel, viajava a cavalo, vindo do Rio do Peixe (atual
Lima Duarte), quando se viu impossibilitado de prosseguir
viagem, dado o imprevisto de um forte temporal que ali se
desencadeara. Acolheram-se então os noivos à casa de um dos
habitantes do lugar que os recebeu hospitaleiramente,
tratando-os com amabilidade e dando-lhes confortável pousada.
Os hóspedes ficaram muitíssimo penhorados com o tratamento recebido
e encantados com a magnífica noite passada naquele agradável
abrigo.
Prosseguindo viagem no dia seguinte, ao agradecerem o ótimo
tratamento que lhes foi prodigalizado pelo bondoso hospedeiro,
pediu-lhes estes desculpas de lhe não ser possível
dispensar-lhes a acolhida que mereciam, pois em lugares modestos
como aquele, onde faltam maiores recursos, o hóspede sempre fica
mal.
Pelo que replicou o noivo, vibrantemente:
- Mal? Jamais, caro amigo! Bem fica! Bem fica!
E assim, desde então ficou a localidade denominando-se
Benfica”.
Outra versão existente para o nome diz respeito a uma homenagem a
um certo Padre Benfica que, vindo de Mariana com destino ao Rio
de Janeiro, e de passagem pelo lugar, sempre celebrava missa
para os moradores da fazenda do Coronel Francisco Martins
Barbosa. A ermida ficava nas imediações da atual Praça Coronel
Jeremias Garcia. Segundo o que os descendentes do Coronel
Francisco ouviram de seus antepassados, o Padre Benfica era
figura muito importante do clero, e sua amizade com o fazendeiro
foi tamanha que Francisco decidiu homenageá-lo dando seu nome à
fazenda.
No final dos anos 80, em pesquisa que realizamos nos arquivos da
Sé, em Mariana, descobrimos a existência do Padre Joaquim
Antônio de Andrade Benfica, Vigário-Geral do Bispado de Mariana,
nascido em 1821 e que faleceu em 1867. Em seu livro “Efemérides
Juizforanas”, o historiador Paulino de Oliveira cita a passagem
desse sacerdote por nossa cidade em 1859.
Uma diferente versão também é ouvida há muito tempo em Benfica. Diz
que no final do século XIX, era comum a figura de uma moça na
estação ferroviária do povoado que todas as vezes que o namorado
partia de trem, ela gritava até a locomotiva perder de vista:
“Bem, fica! Bem, fica! Bem, fica!”
Outra possibilidade para o nome Benfica nos foi revelada pelo
jornalista José Alves de Castro, em seu livro: “Tópicos de um
jornalista refletido”. Diz Castro:
“Francisco Martins Barbosa recebeu naquela época um casal em
trânsito para a Corte. Acontece que esses hóspedes gostaram
tanto do acolhimento do anfitrião que, na hora de seguir viagem,
entabolaram o seguinte diálogo: ‘- Fiquem mais tempo’, falou
D.Esméria, esposa de Francisco Martins Barbosa. Estabeleceu-se
um rápido silêncio, falando então a esposa do viajante,
dirigindo-se ao mesmo: ‘- Bem, fica’. A mulher venceu,
permanecendo assim o esponsal por mais dois dias em convívio com
os familiares de Francisco Martins Barbosa. Segundo esta lenda,
o topônimo de Benfica resultou desse original gracejo.”
Respeitamos todas as versões citadas pela importância das tradições
da história oral que atravessam as gerações. A riqueza desses
registros demonstra o quanto nossa população se preocupou em
preservar o que foi contado pelos antigos moradores.
O certo é que Benfica tem origem no parcelamento da Fazenda
Bemfica. Repetimos: o nome do bairro Benfica tem origem na
FAZENDA BEMFICA.
A Fazenda Bemfica (ou “Bemfique”, como está gravado na
Escritura de Compra e Venda) pertenceu a Manoel Mendes de
Serqueira e sua mulher Altina Amélia de Campos, e foi vendida em
1853 para Francisco Martins Barbosa. Francisco foi o responsável
pela divisão da propriedade entre os herdeiros e com isso
provocado o seu povoamento na segunda metade do século XIX.
Mapa de 1847 já mostrava a existência da Fazenda Bemfica.
Cientistas europeus de passagem pela região em 1848 e 1850,
também revelavam existir no lugar uma aldeia chamada Bemfica.
A fazenda teria surgido às margens da Estrada do Paraibuna,
aberta pelo engenheiro alemão Henrique Guilherme Fernando
Halfeld. O trecho da estrada em Benfica, atualmente é ocupado
pela Av. JK, e seria uma ramificação do Caminho Novo da Estrada
Real fazendo a sua ligação com a região da Barreira do Triunfo.
Quando a estação ferroviária foi inaugurada em 1º de
fevereiro de 1877, ela recebeu o nome de Bemfica, por ter sido
construída na localidade de mesmo nome.
Portanto, antes da passagem do Padre e bem antes da moça despedir
do namorado na estação, a Fazenda Bemfica já existia, e é ela a
verdadeira origem do bairro que tem o seu nome.
Sendo assim, esperamos ter contribuído para o esclarecimento dessa
dúvida.
PERSONAGEM
TONICO BARBOSA
Filho Pedro Martins Barbosa e Amélia Teixeira Barbosa, Antônio
Martins Barbosa nasceu em Benfica em 30 de agosto de 1895. Nessa
localidade faleceu aos 84 anos de idade.
Fez o curso primário na antiga Escola Mista Rural de Benfica. O
ensino secundário cursou na Academia de Comércio.
Em 1920, casou-se com Maria Pereira Barbosa e, dessa união,
nasceram 11 filhos. Em Benfica, era popularmente conhecido como
Tonico Barbosa ou, simplesmente, Barbosa.
Proprietário rural, era grande produtor de milho e feijão. Como
forte pecuarista, foi Diretor-Presidente da antiga Cooperativa
dos Produtores de Leite de Benfica por mais de dez anos.
Entusiasmado com o progresso do bairro que viu crescer,
Tonico Barbosa forneceu boa parte da terra utilizada no aterro
da área ocupada pela antiga Fábrica de Estojos e Espoletas de
Artilharia do Exército – FEEA FJF (atual Imbel). Parte dos
terrenos dessa fábrica também eram seus. O antigo Telégrafo
Nacional, a antiga Companhia Mineira de Eletricidade, a CEMIG, a
TELEMIG e a CESAMA tiveram sua autorização para passarem linhas
de transmissão e tubulações em suas propriedades. Também ajudou
na construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de
Benfica.
Suas terras deram origem ao Distrito Industrial I, a Vila
Esperança I, a Vila Esperança II e o Nova Benfica.
ONTEM / HOJE
Rua Martins Barbosa.
Primeira foto, no início dos anos 70. À esquerda, ao
lado do antigo Cerealista Benfica (onde existe hoje uma loja de
calçados), havia a casa de José Alves de Castro e a redação do jornal O
Pioneiro.
NOSSAS RUAS
Esta coluna é uma oportunidade
para você conhecer quem é a pessoa que dá nome à sua rua. Envie
para o site sugestões de pesquisa sobre outros nomes que
procuraremos informar nas próximas atualizações.
RUA MARTINS BARBOSA
(antigas Rua E e Rua Doutor Menelick de Carvalho), em Benfica
– Decreto Nº 232, de 02/05/1956, de autoria do Prefeito
Ademar Rezende de Andrade.
CEP 36090-300
Francisco Martins Barbosa nasceu em Chapéu D’Uvas em 11 de
agosto de 1809, e faleceu em Benfica em 08 de setembro de
1893. Proprietário da Fazenda Bemfica, adquirida em 1853.
Foi vereador à Câmara Municipal de Juiz de Fora, de 1853 a
1857.
TRAVESSA ALBERTO AUGUSTO DA
SILVEIRA
(antiga passagem pública que faz a ligação da Rua Paulo Garcia
com Rua dos Guararapes, ao lado da Igreja de Nossa Senhora
da Conceição de Benfica), em Benfica – Lei Nº 4521, de
05/12/1973, de autoria do Vereador Ignácio Halfeld.
CEP 36090-340
Nasceu em 1912 no município mineiro de Rio Novo e faleceu em
1964. Aos dez anos, veio com a família para Juiz de Fora.
Fez o curso secundário na Academia de Comércio. Em 1937, foi
admitido pela FEEA FJF, onde trabalhou durante 25 anos.
Casou-se com Maria Augusta de Souza Vaz em 1942, passando a
residir em Benfica. Trabalhador incansável, Alberto era
muito dedicado aos assuntos ligados ao desenvolvimento de
Benfica, tendo sido secretário da Sociedade dos Amigos de
Benfica e do Esporte Clube Benfica
PASSAGEM NADIR FRANCO NAZARETH
(antiga passagem pública que liga a Rua Bento Gonçalves com a
Rua dos Guararapes, ao lado da Capela Mortuária de Benfica),
em Benfica – Lei Nº 5661, de 06/09/1979, de autoria do
Vereador Hélio Zanini.
CEP 36090-370
Filho de Elpídio dos Santos Nazareth e Djanira de Oliveira
Nazareth, Nadir Franco Nazareth nasceu em 15 de janeiro de
1942, em Paula Lima, então distrito de Juiz de Fora. Faleceu
em 30 de janeiro de 1979, aos 37 anos. Passando a residir em
Benfica desde criança, concluiu o ensino primário na Escola
Estadual Professor Lopes. Prosseguiu seus estudos na Escola
Agrícola de Barbacena, não tendo concluído o curso. Casando
com Hercília, da união nasceram três filhos. Como motorista
profissional, trabalhou em diversas empresas, tendo
conquistado respeito, carinho e a admiração de colegas e
patrões. Em Benfica, atuando como motorista de táxi, era
muito querido pela população, e sua morte - precoce e
trágica - no exercício da profissão, causou grande comoção
entre os moradores.