Nascida em 1930, D. Maria de Lourdes Berg diz, que não esconde
a idade, muito pelo contrário, as vezes acha que já tem 80
anos, e não troca sua idade por uma de vinte. Acorda cedo todos
os dias, limpa a rua onde mora - "Não
sei ficar parada, sempre arrumo alguma coisa pra fazer".
E realmente foi possível confirmar toda essa disposição, ao
longo de um papo descontraído com essa senhora simpática
que nos recebeu tão bem em sua casa, e relembrou um pouco de
sua história, com tamanhas mudanças no local onde sempre
morou.
D. Maria de Lourdes confessa que antigamente as coisas eram
melhores, mesmo lembrando que não tinha nada, por perto,
em se tratando de casas, comércios, muito menos conduções. A
única casa além da de seu pai, que foi a primeira a ser
construída, tinha uma casinha de zinco logo na esquina de sua
rua, que era de D. Sebastiana (mãe do sr. Franco). Depois
construíram a casa do Sr. Mariano (pai do Landim), o resto era só brejo e mato, e
no meio da rua tinha uma ponte de tábua chamada "Niterói",
onde atravessavam para o outro lado do rio. Ela conta, que
naquela época, na av. J.K., do lado da atual padaria Madri,
até onde hoje é a praça de Benfica, que antes também não
existia, haviam somente uns barracos de tábua. Ela sorri com
meu comentário, de que ela acompanhou todo esse crescimento,
e lembra que as
ruas nem tinham nomes, a rua em que mora por exemplo era a
chamada "B",
hoje nomeada de rua Dr. Álvaro da Silveira, no beirro
Araújo.
Com muita dedicação, cuida de sua horta, com a ajuda do seu
filho Sérgio, que se encarrega de plantar, reservando os
cuidados do dia a dia para sua mãe, que ainda ajuda alguns
vizinhos a manter seus quintais e hortas, limpando sempre para
não deixar o mato crescer. Afinal, ao longo de todos esses anos,
criou-seu um círculo de amizades muito grande. Todos
compartilhavam o que se fazia e viviam como irmãos, podendo-se
contar sempre uns com os outros. Mas infelizmente muitas pessoas
que viviam nesta região da Feia, não conseguiram comprar as
casas onde moravam, tendo que ir para outros lugares, senão o
bairro seria ainda mais familiar, afirma D. Maria de Lourdes.
D. Maria de Lourdes Berg com seu
filho Sérgio
Ela nos conta ainda, frequentou muitas vezes o
Cine Teatro
Auditorium (clique e veja mais
em Página da Memória, matéria 9),
antigo cinema da Feia, quando o Sr.
Cristóvão era o responsável, tendo também como
auxiliares o Ary e Canário, que cuidavam de rodar os
filmes.
Seu filho Sérgio, que acompanhou toda entrevista,
lembrou que seu pai comprava as cartelas de ingressos e
eles iam sempre assistir aos filmes. D. Maria de Lourdes
fala, que levava suas filhas, pois aquela geração, era
totalmente diferente, não saiam sozinhas e respeitavam
os pais com apenas um olhar. E ela que tem doze filhos
(seis ainda vivos), quatorze netos e dezenove bisnetos,
comenta que vê os netos sendo criados bem mais à
vontade, e se chamar atenção os filhos ainda brincam que
ela é do tempo do "êpa" - ao dizer isso, ela sorri!
D. Maria de Lourdes fala que quase não sai mais em em
Benfica, e passa anos sem ir ao centro da cidade, pois tem
artrose nos joelhos, mas não deixa de cuidar de sua rua, sua
casa e horta e afirma que o único divertimento que não abre mão
ultimamente são das excursões, que gosta muito de participar.
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