Entrevistada:  Maria de Lourdes Berg        -      Dezembro de 2008
Nascida em 1930, D. Maria de Lourdes Berg diz, que não esconde a idade, muito pelo contrário, as vezes acha que já tem 80  anos, e não troca sua idade por uma de vinte. Acorda cedo todos os dias, limpa a rua onde mora - "Não sei ficar parada, sempre arrumo alguma coisa pra fazer". E realmente foi possível confirmar toda essa disposição, ao longo de um papo  descontraído com essa senhora simpática que nos recebeu tão bem em sua casa, e relembrou um pouco de sua história, com tamanhas mudanças no local onde sempre morou.
D. Maria de Lourdes confessa que antigamente as coisas eram melhores,  mesmo lembrando que não tinha nada, por perto, em se tratando de casas, comércios, muito menos conduções. A única casa além da de seu pai, que foi a primeira a ser construída, tinha uma casinha de zinco logo na esquina de sua rua, que era de D. Sebastiana (mãe do sr. Franco). Depois construíram a casa do Sr. Mariano (pai do Landim), o resto era só brejo e mato, e no meio da rua tinha uma ponte de tábua chamada "Niterói", onde atravessavam para o outro lado do rio. Ela conta, que naquela época, na av. J.K., do lado da atual padaria Madri, até onde hoje é a praça de Benfica, que antes também não existia, haviam somente uns barracos de tábua. Ela sorri com meu comentário, de que ela acompanhou todo esse crescimento, e lembra que as ruas nem tinham nomes, a rua em que mora por exemplo era a chamada "B", hoje nomeada de rua Dr. Álvaro da Silveira, no beirro Araújo.
 
Com muita dedicação, cuida de sua horta, com a ajuda do seu filho Sérgio, que se encarrega de plantar, reservando os cuidados do dia a dia para sua mãe, que ainda ajuda alguns vizinhos a manter seus quintais e hortas, limpando sempre para não deixar o mato crescer. Afinal, ao longo de todos esses anos, criou-seu um círculo de amizades muito grande. Todos compartilhavam o que se fazia e viviam como irmãos, podendo-se contar sempre uns com os outros. Mas infelizmente muitas pessoas que viviam nesta região da Feia, não conseguiram comprar as casas onde moravam, tendo que ir para outros lugares, senão o bairro seria ainda mais familiar, afirma D. Maria de Lourdes. 
D. Maria de Lourdes Berg com seu filho Sérgio
Ela nos conta ainda, frequentou muitas vezes o Cine Teatro Auditorium (clique e veja mais em Página da Memória, matéria 9), antigo cinema da Feia, quando o Sr. Cristóvão era o responsável, tendo também como auxiliares o Ary e Canário, que cuidavam de rodar os filmes. Seu filho Sérgio, que acompanhou toda entrevista, lembrou que seu pai comprava as cartelas de ingressos e eles iam sempre assistir aos filmes. D. Maria de Lourdes fala, que levava suas filhas, pois aquela geração, era totalmente diferente, não saiam sozinhas e respeitavam os pais com apenas um olhar. E ela que tem doze filhos (seis ainda vivos), quatorze netos e dezenove bisnetos, comenta que vê os netos sendo criados bem mais à vontade, e se chamar atenção os filhos ainda brincam que ela é do tempo do "êpa" - ao dizer isso, ela sorri!
 
D. Maria de Lourdes fala que quase não sai mais em em Benfica, e passa anos sem ir ao centro da cidade, pois tem artrose nos joelhos, mas não deixa de cuidar de sua rua, sua casa e horta e afirma que o único divertimento que não abre mão ultimamente são das excursões, que gosta muito de participar.
 

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