A ARTE DE
FALAR E DE OUVIR |
"Quem tem ouvidos para ouvir, que
ouça”. Esta é uma das formas de Jesus
elucidar o assunto...
Vejamos alguns fatores fundamentais sobre o ouvir: 1º- Atenção
para ouvirmos os convites que Deus nos faz. Um sábio disse: “Quem
fita o céu de relance, não enxerga as estrelas, e quem ouve uma
sinfonia, sem abrir a acústica da alma, não lhe escuta as notas
divinas”. No Evangelho diz: “Todo
aquele que escuta as minhas palavras e as pratica, é semelhante
ao homem que
edificou a casa em rocha firme”.
2º - Silêncio para ouvirmos nosso interior: sentimentos,
emoções, pensamentos. Importante sabermos se o que temos
intimamente e enviamos aos outros é agradável, bom e útil. Em
Eclesiastes diz: “Há tempo de
falar e tempo de silenciar”.
3º
- Esforço para ouvirmos os outros. Num diálogo, não podemos
esquecer que há o outro. Há o momento de cada um falar e de
ouvir. Monólogo, só no teatro. Relacionamos sugestões de
inteligentes sábios de ontem e de hoje, na
ARTE DE FALAR
E DE OUVIR... |
- Ouvindo palavras erradas, verbos mal conjugados na voz de
alguém, saibamos ouvir antes de tudo a intenção do que foi dito,
sem nos prendermos tanto aos erros gramaticais. Não nos tornemos
“críticos de plantão”. Eles existem, ADORAM comentar erros
alheios e sempre têm papel e caneta para anotá-los. Assistem
conferência ou conversa e dizem: “Ele
falou errado 15 palavras, conjugou 8 verbos de forma irregular,
tropeçou 3 vezes e pronunciou de forma estranha o nome do autor
francês”. Mas se indagamos do tema, dizem: “Não
sei”. Gravam erros, não a essência.
Aprendemos que a letra mata, mas o espírito
da letra vivifica.
Ouvindo
comentários negativos, tenhamos coragem de deletarmos, enviarmos para o
arquivo do esquecimento. Infelizmente, alguns, diante de fofoca
e maledicência, os ouvidos dilatam-se para ouvir e a boca treme
de tanta vontade falar. Rir faz muito bem para a saúde, mas
observemos do que estamos rindo. Um dia alguém me falou: “Vou
te contar uma piada engraçadíssima, sobre Maria de Nazaré”.
Piada sobre a Mãe do Mestre Jesus?
Que horror!. E ele disparou a falar, chorando de
rir do que dizia. Vendo que eu não ria, parou bruscamente,
sentindo-se ofendido sentenciou: “Nossa,
você é seco e sem educação. Uma piada ótima e você com essa cara
de parede desbotada. Alô, marciano, você está fora do seu
planeta”.
Disso eu ri muito. O Apóstolo Paulo disse: “Tudo
nos é lícito, mas nem tudo nos convém”.
Thomas Edison tinha dificuldade de audição. Ao lhe perguntarem
se isso atrapalhava, disse: “A
surdez nunca foi um problema para mim, pois me encaminhou para o
estudo e eu ganhei rapidez de raciocínio. Ocupado com o útil, me
desligo das conversas inúteis”.
-
Ouvindo e vendo os quadros cotidianos, evitemos interrogatório,
julgamento, malícia e precipitação. Certa vez uma moça procurou
alguém e disse que estava com problema no relacionamento. O
ouvinte nem a deixou explicar e mandou perguntas: “Ele
te traiu? Tem outra? Te agrediu? Nossa, estou vendo lesões no
seu corpo! Ligue já e denuncie, pois isso é caso de polícia”.
E ele falou direto por uns 20 minutos. Na 1ª pausa, ela “pegou
uma senha” e esclareceu que não era nada daquilo. Apenas os pais
do noivo queriam que se casassem na Itália, onde moravam. Em
Provérbios diz: “Quem
usa os lábios e os ouvidos no mal, tem perturbação, mas quem os
usa no bem, tem a alma pura”.
O escritor Malba Tahan conta que dois homens conversavam sobre
um 3º. Um disse: “O fulano é
ótima pessoa, excelente pai, colega educado, honesto, etc”.
O outro disse: “Pois ele falou
justamente o contrário, que você não é educado, honesto, bom pai
e muito menos colega. Aliás, ele falou coisas terríveis sobre
você”. Então o que havia
falado bem, disse: “É bem
provável, meu amigo, que estejamos enganados um sobre o outro”.
Meditemos com muita atenção neste
caso.
Muitos estão perdendo a habilidade de ouvir
os outros, falam juntos
sem fôlego, uns atropelando os outros com o carro das palavras,
desejando dominar e ser o centro das atenções, na competição
egocêntrica da palavra. Um tenta falar e o outro fala correndo
na frente, como se estivessem nos antigos faroestes, onde vencia
quem sacava mais rápido a arma. Muitos ainda não conseguem ouvir
sem atravessar com o seu próprio discurso ou antecipando as
idéias. Uma conhecida nossa tem o hábito de falar sem ouvir
ninguém. Certa vez, um amigo nosso quebrou o pé e nós o levamos
ao hospital. Em seguida eu viajei e quando voltei perguntei por
ele. Ela não me ouviu e respondeu: “Ontem
eu assistia à novela das sete, o síndico me ligou, avisando de
mais uma reunião chata, eu lembrei de meu avô que mora em São
Paulo, sabe que minha amiga não toma mais café?, a gatinha
Charlotte teve 8 filhotinhos... Ah, eu vi uma bolsa roxa e
abóbora linda, meu marido via o jogo e gritava com os amigos, eu
senti dor de cabeça, e blá, blá, blá”. Esperei ela
respirar e perguntei: “Mas, e o rapaz,
melhorou o pé?” Ela respondeu: “MELHOREI,
sim, eu tomei sal de frutas”.
Lembremos da lenda de Narciso, que apaixona-se por sua
própria imagem refletida na água e aprendamos com ela, não sendo
egocêntricos e apaixonados demais por nós.
Evitemos de falar mentalmente. Um fala e o outro antecipa
mentalmente suas idéias ou pensa: “Ai,
meu Deus, que papo de aranha!”. Ou está longe dali,
ligado em outras coisas, não ouvindo o que o outro diz e fala:
“hum, hunhum, sei, ah, é, ta”.
A
arte está em falar e ouvir no momento oportuno. Isso é vital e
deve ser cultivado, com familiares, amigos, colegas, pois é uma
excelente oportunidade de aprendermos mais. Não nos
arrependeremos de frearmos a língua quando íamos falar mais do
que ouvir, disse um sábio.
Tomás de Aquino estava muito concentrado em suas pesquisas,
enquanto um grupo de pessoas comentava sobre ele. E um resolveu
lhe pregar uma peça. Aproximou-se e disse: “Mestre,
vá até a janela e veja! Lá fora há um boi voando”.Tomás
de Aquino levantou-se e foi até a
janela, mas percebendo que não havia nenhum boi voando,
voltou-se e encontrou o grupo às gargalhadas. O que lhe pregou a
peça, perguntou irônico: “Mestre, o
senhor que é tão inteligente, conhecedor da vida, de tudo e de
todos, como pode acreditar que tivesse mesmo um boi voando?”
E Tomás de Aquino, com sincera simplicidade respondeu: “É
que eu preferi acreditar que um boi estava voando a pensar que
alguém usaria a palavra para me enganar”.
“A ARTE DE FALAR E OUVIR DEVE SER
SEMPRE A CIÊNCIA DE AJUDAR”...
Colocamo-nos à
disposição para troca de idéias, perguntas e comentários. Abraços
a todos. |
publicado em 30/05/08
Ademir Fernandes de Sousa
Centro Espírita Amor ao Próximo
E-mail:
ademirferso@hotmail.com |
|