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REFLEXÕES
por Ademir Fernandes

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A ARTE DE FALAR E DE OUVIR     
   "Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça”. Esta é uma das formas de Jesus elucidar o assunto...
Vejamos alguns fatores fundamentais sobre o ouvir: 1º- Atenção para ouvirmos os convites que Deus nos faz. Um sábio disse: “Quem fita o céu de relance, não enxerga as estrelas, e quem ouve uma sinfonia, sem abrir a acústica da alma, não lhe escuta as notas divinas”. No Evangelho diz: “
Todo aquele que escuta as minhas palavras e as pratica, é semelhante ao homem que edificou a casa em rocha firme”. 2º - Silêncio para ouvirmos nosso interior: sentimentos, emoções, pensamentos. Importante sabermos se o que temos intimamente e enviamos aos outros é agradável, bom e útil. Em Eclesiastes diz: “Há tempo de falar e tempo de silenciar”. 3º - Esforço para ouvirmos os outros. Num diálogo, não podemos esquecer que há o outro. Há o momento de cada um falar e de ouvir. Monólogo, só no teatro. Relacionamos sugestões de inteligentes sábios de ontem e de hoje, na ARTE DE FALAR E DE OUVIR...
 - Ouvindo palavras erradas, verbos mal conjugados na voz de alguém, saibamos ouvir antes de tudo a intenção do que foi dito, sem nos prendermos tanto aos erros gramaticais. Não nos tornemos “críticos de plantão”. Eles existem, ADORAM comentar erros alheios e sempre têm papel e caneta para anotá-los. Assistem conferência ou conversa e dizem: “Ele falou errado 15 palavras, conjugou 8 verbos de forma irregular, tropeçou 3 vezes e pronunciou de forma estranha o nome do autor francês”. Mas se indagamos do tema, dizem: “Não sei”. Gravam erros, não a essência. Aprendemos que a letra mata, mas o espírito da letra vivifica.
 Ouvindo comentários negativos, tenhamos coragem de deletarmos, enviarmos para o arquivo do esquecimento. Infelizmente, alguns, diante de fofoca e maledicência, os ouvidos dilatam-se para ouvir e a boca treme de tanta vontade falar. Rir faz muito bem para a saúde, mas observemos do que estamos rindo. Um dia alguém me falou: “Vou te contar uma piada engraçadíssima, sobre Maria de Nazaré”. Piada sobre a Mãe do Mestre Jesus? Que horror!. E ele disparou a falar, chorando de rir do que dizia. Vendo que eu não ria, parou bruscamente, sentindo-se ofendido sentenciou: “Nossa, você é seco e sem educação. Uma piada ótima e você com essa cara de parede desbotada. Alô, marciano, você está fora do seu planeta”. Disso eu ri muito. O Apóstolo Paulo disse: “Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém”. Thomas Edison tinha dificuldade de audição. Ao lhe perguntarem se isso atrapalhava, disse: “A surdez nunca foi um problema para mim, pois me encaminhou para o estudo e eu ganhei rapidez de raciocínio. Ocupado com o útil, me desligo das conversas inúteis”.
- Ouvindo e vendo os quadros cotidianos, evitemos interrogatório, julgamento, malícia e precipitação. Certa vez uma moça procurou alguém e disse que estava com problema no relacionamento. O ouvinte nem a deixou explicar e mandou perguntas: “Ele te traiu? Tem outra? Te agrediu? Nossa, estou vendo lesões no seu corpo! Ligue já e denuncie, pois isso é caso de polícia”. E ele falou direto por uns 20 minutos. Na 1ª pausa, ela “pegou uma senha” e esclareceu que não era nada daquilo. Apenas os pais do noivo queriam que se casassem na Itália, onde moravam. Em Provérbios diz: “Quem usa os lábios e os ouvidos no mal, tem perturbação, mas quem os usa no bem, tem a alma pura”. O escritor Malba Tahan conta que dois homens conversavam sobre um 3º. Um disse: “O fulano é ótima pessoa, excelente pai, colega educado, honesto, etc”. O outro disse: “Pois ele falou justamente o contrário, que você não é educado, honesto, bom pai e muito menos colega. Aliás, ele falou coisas terríveis sobre você”. Então o que havia falado bem, disse: “É bem provável, meu amigo, que estejamos enganados um sobre o outro”. Meditemos com muita atenção neste caso.
Muitos estão perdendo a habilidade de ouvir os outros, falam juntos sem fôlego, uns atropelando os outros com o carro das palavras, desejando dominar e ser o centro das atenções, na competição egocêntrica da palavra. Um tenta falar e o outro fala correndo na frente, como se estivessem nos antigos faroestes, onde vencia quem sacava mais rápido a arma. Muitos ainda não conseguem ouvir sem atravessar com o seu próprio discurso ou antecipando as idéias. Uma conhecida nossa tem o hábito de falar sem ouvir ninguém. Certa vez, um amigo nosso quebrou o pé e nós o levamos ao hospital. Em seguida eu viajei e quando voltei perguntei por ele. Ela não me ouviu e respondeu: “Ontem eu assistia à novela das sete, o síndico me ligou, avisando de mais uma reunião chata, eu lembrei de meu avô que mora em São Paulo, sabe que minha amiga não toma mais café?, a gatinha Charlotte teve 8 filhotinhos... Ah, eu vi uma bolsa roxa e abóbora linda, meu marido via o jogo e gritava com os amigos, eu senti dor de cabeça, e blá, blá, blá”. Esperei ela respirar e perguntei: “Mas, e o rapaz, melhorou o pé?” Ela respondeu: “MELHOREI, sim, eu tomei sal de frutas”. Lembremos da lenda de Narciso, que apaixona-se por sua própria imagem refletida na água e aprendamos com ela, não sendo egocêntricos e apaixonados demais por nós. Evitemos de falar mentalmente. Um fala e o outro antecipa mentalmente suas idéias ou pensa: “Ai, meu Deus, que papo de aranha!”. Ou está longe dali, ligado em outras coisas, não ouvindo o que o outro diz e fala: “hum, hunhum, sei, ah, é, ta”.
A arte está em falar e ouvir no momento oportuno. Isso é vital e deve ser cultivado, com familiares, amigos, colegas, pois é uma excelente oportunidade de aprendermos mais. Não nos arrependeremos de frearmos a língua quando íamos falar mais do que ouvir, disse um sábio.
Tomás de Aquino estava muito concentrado em suas pesquisas, enquanto um grupo de pessoas comentava sobre ele. E um resolveu lhe pregar uma peça. Aproximou-se e disse: “Mestre, vá até a janela e veja! Lá fora há um boi voando”.Tomás de Aquino levantou-se e foi até a janela, mas percebendo que não havia nenhum boi voando, voltou-se e encontrou o grupo às gargalhadas. O que lhe pregou a peça, perguntou irônico: “Mestre, o senhor que é tão inteligente, conhecedor da vida, de tudo e de todos, como pode acreditar que tivesse mesmo um boi voando?” E Tomás de Aquino, com sincera simplicidade respondeu: “É que eu preferi acreditar que um boi estava voando a pensar que alguém usaria a palavra para me enganar”.
A ARTE DE FALAR E OUVIR DEVE SER SEMPRE A CIÊNCIA DE AJUDAR”...

Colocamo-nos à disposição para troca de idéias, perguntas e comentários. Abraços a todos.
publicado em 30/05/08
Ademir Fernandes de Sousa
Centro Espírita Amor ao Próximo
E-mail: ademirferso@hotmail.com
  
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