No Evangelho diz que os pescadores estavam no mar e
JESUS falava ao povo na praia. Depois caminhou
sobre a água ao encontro deles. E eles gritaram amedrontados:
Socorro! Vem uma coisa em nossa
direção! E Jesus disse:
Sou eu. Pedro argumentou:
Se é mesmo o Senhor, faça eu
também caminhar sobre a água. Jesus confirmou:
Venha, Pedro. Ele
caminhou sobre o mar, mas teve medo, afundou e gritou:
Jesus me salve! Me ajude! Eu não
quero morrer afogado! Jesus então disse:
Homens de pouca fé, por que não
confiam?
Todo mundo tem medo. Há medos naturais: de bichos, bala perdida,
assalto, etc. Medos
existenciais: de amar, expor sentimentos e
se decepcionar, fazer amigos e ser traído, perder alguém, ficar
só, etc. Temem até horóscopo. Se o signo está
bom, acordam dizendo: Bom dia, eu
amo vocês. Se ruim, já pulam da cama dizendo:
Não me torrem a paciência. Hoje eu
tô com a macaca. Nem saem de casa. A pessoa
deixa o horóscopo criar seu estado. Muitas pessoas têm pavor de cobras e outros
bichos. Há quem corre e se tranca ao ver um rato. Nós não
podemos
criticar. Uns dizem:
Que frescura! Medo de um ratinho?
Mas cada um tem sua dificuldade. Uns ficam parados, outros se
desesperam diante do que temem. Parece que criam mola nos pés e
pulam alturas inacreditáveis. Muro de 3 metros é moleza para
quem está apavorado. Com medo de barata, uma mulher pulou do
segundo andar. Caiu, rolou, esfolou-se, mas levantou-se mais
veloz que ninja e “vazou”. Medo de violência: briga, assalto,
seqüestro, crime. Ninguém em sã consciência quer ser violentado,
levar tiro, facada. Mas não precisa exagerar, vendo todos como
inimigos perigosíssimos.
Há o instinto de conservação natural. Um dia, num cinema lotado um
“espírito de hiena”
usando
tocha de fogo gritou:
O cinema tá pegando fôôôgô!
Foi um Deus nos acuda. Todos se espremeram igual
boiada louca, fugiram esbaforidos e em minutos estavam lá na
rua. O medo de incêndio vira um monstro quando a pessoa já entra
no cinema com o instinto de preservação mil% ligado, procurando
saídas de emergência e extintores. Se perguntam sobre o filme,
responde:
Nem vi, mas o cinema tem 3 portas, 4 extintores, 220
lugares. Vê fumaça, fogo, mas não vive. Se
estressa e tem desajustes físicos e psíquicos. A claustrofobia;
pavor de lugar fechado. Há quem sobe e desce todo dia as escadas
de 15 andares do prédio onde trabalha com medo de ficar preso no
elevador. O medo escraviza.
Medo do “sobrenatural”: mula-sem-cabeça, lobisomem, vampiro,
chupa-cabras, ET de Varginha, loura do banheiro, etc. Na
infância, eu e meus colegas tínhamos um medão de uma casa
abandonada. Os adultos usavam isso p/ intimidar as crianças.
Diziam que quem entrasse nunca mais saia, que aparecia uma
mancha de sangue marcando a pessoa para sempre. Eu passava a km
dali para chegar em casa. Fazer medo é erro grave. A pessoa
registra e expande isso, leva para outras fases da vida e
torna-se adulto com insegurança. Medo de espíritos. Criam casos
e filmes de terror e associam espírito com assombração. Falta de
respeito e equívoco por informação falsa que gera deficiência e
dependência...
Mas há também o medo circunstancial. O amigo de uma família “morreu” em
cidade do Nordeste. Meses depois, a moça varria a calçada e viu
um homem de branco passando na rua de cima, olhando em sua
direção e depois sumiu. De repente ela sentiu uma mão no seu
ombro e a pessoa falou:
Minha filha, o Sr Eurico está? Ela
olhou e viu que era o homem que “morreu”. Ela arrebentou o
portão gritando:
Pai, Pai! O sô Juquinha tá te chamando.
Na mente dos pais o “tá te chamando ”quis dizer “veio te
buscar”. A mãe dela fugiu com as crianças pelos fundos. O pai
estava de cama, pois fez 3 cirurgias e morria de medo de morrer.
Ao ouvir isso, ficou de pé, cambaleou pálido até a porta, aos
berros: Ah, não, some daqui! Pelo
amor de Deus, num me leva, não! O homem tentava
explicar e o pai dela esconjurava:
Afasta-te de mim, coisa das trevas! Volta pro teu lugar,
bicho ruim! Pegaram porretes e quase mataram
mesmo o homem. Depois de apanhar muito ele pode explicar que
houve um engano com nomes trocados, mas ele estava ali e bem
vivo...
Defendemo-nos daquilo que ameaça nossa estabilidade. É normal ter
momento de medo, se isso
não atinge proporção que altere e
comprometa a existência, pois cria ansiedade, depressão,
neurose, psicose e outros estados complicados como síndrome de
pânico. A pessoa tem medo da própria sombra, tem sobressaltos
com a campainha, não sai de casa para ir à padaria, se tranca,
faz muro alto, coloca grade forte, correntes, cadeados,
fechaduras e alarmes especiais. Se sai, muda sempre de caminho
porque todos parecem ser criminosos. Quando inventaram que o
mundo ia acabar, muitos se suicidaram. Muitas pessoas são
massacradas pelas vibrações destrutivas do medo que é tão
contagioso como qualquer moléstia perigosa. É um dos piores
inimigos dos seres, por alojar-se na alma.
(Vejam a segunda parte do artigo em breve)... |