Um dos mais extravagantes seres do imaginário cigano e também
muito pouco estudado é o DHAMPIR. De fato esta coisa vamos
entender assim está situada no mundo da fantasia, entre o mundo
dos espíritos e o real. Realmente, é uma espantosa figura que
somente ciganos dos Bálcãs ousam nomear. Encontramos em um livro
editado pela Makron Books do Brasil, Editora McGraw-Hill, de J.
Gordon Melton, intitulado
O livro dos vampiros, a enciclopédia dos mortos-vivos,
p.199, o verbete Dhampir:
Os ciganos acreditavam que alguns
vampiros tinham um apetite sexual insaciável e que retornavam da
sepultura para fazer sexo com a viúva ou uma jovem de sua
escolha. As visitas continuadas do vampiro poderiam levar uma
jovem a se engravidar. O produto dessa união, geralmente do sexo
masculino, era chamado
dhampir. Acreditava-se que o
dhampir tinha poderes
inusitados para detectar e
destruir vampiro —
uma habilidade deveras importante. Alguns
dhampirs modernos entre os ciganos da Europa oriental se
vangloriavam de sua habilidade em localizar o vampiro, que era
simplesmente morto a tiros se localizado fora de sua sepultura.
Alguns indivíduos, que acreditavam ser
dhampirs,
suplementavam sua renda oferecendo-se como caçadores de
vampiros. Por outro lado, o
dhampir era um membro
normal da comunidade de ciganos, embora algumas pessoas
acreditassem que o verdadeiro
dhampir possuía um
corpo escorregadio, gelatinoso e que tinha vida curta — uma
crença derivada do conhecimento de que vampiros não têm ossos.
Os poderes do
dhampir podiam ser
transferidos para a prole masculina e em última instância
através de uma linhagem familiar. Conquanto as habilidades para
caçar vampiros pudessem ser herdadas, não podiam ser aprendidas.
Scott Baker escreveu um romance sobre os
dhampirs associando-os
uma linhagem de dhampirs
no seio da família de Elisabeth Bathory.”
Na Enciclopédia supracitada encontramos o verbete: CAÇADORES DE VAMPIROS,
que pedimos vênia para transcrever:
“Na maioria das sociedades que acreditavam no vampiro, o
processo de detectar e destruir o vampiro era levado a cabo por
um grupo informal de pessoas ameaçadas pela presença dos
vampiros e em suas comunidade, mas vez por outra a tarefa foi
colocada nas mãos de caçadores de vampiros especializados.
Diversas culturas, especialmente as do Bálcãs do sul, nomeavam
pessoas específicas para a tarefa de caçar e destruir os
vampiros. O caçador de vampiros mais famoso era o
dhampir, que se
acreditava ser o filho físico de um vampiro e que mora entre os
ciganos e os eslavos
do sul. Os ciganos tinham o vampiro como criatura muito sexy que
muitas vezes voltava ao seu amor para ter relações sexuais. Seu
sêmen ainda era potente e vez por outra uma gravidez resultava
da atividade do vampiro. A descendência masculina do vampiro, o
dhampir, tinha,
segundo a crença, poderes particularmente poderosos para
enxergar o vampiro invisível e destruí-lo”.
“O dhampir poderia se
tornar um caçador de vampiros profissional, cobrando da vila
pelos seus serviços. De acordo com relatos remanescentes, o
dhampir começava seu trabalho na vila informando aos que o
contrataram que haveria um mau cheiro no ar. Aparecia então para
tentar localizar sua fonte. Poderia, por exemplo, tirar a camisa
e olhar a manga como se fosse um telescópio e descreveria a
foram que o vampiro invisível tinha tomado. Uma vez localizado o
vampiro, poderia se envolver numa dramática luta corpo a corpo
com o vampiro ou simplesmente dar-lhe um tiro. Uma vez morto, o
vampiro fedia mais ainda e podia deixar uma poça de sangue no
chão. Às vezes não podia ser morto, e nesse caso o
dhampir tentaria
enxotá-lo para uma outra vila. Entre os
dhampirs mais notáveis havia um chamado Murat, que operava nos anos
50, na área de Kosovo-Metohija, na Sérvia...”
Ainda encontramos na Wikipédia uma longa explicação (em inglês)
sobre esta entidade mítica, que colocamos aqui (em parte), para
os leitores informando-lhes que muita coisa pode ser encontrada
no site:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Dhampir>
cuja tradução livre está em sequência:
A palavra ‘dhampir’está
associada ao folclore do povo cigano dos Bálcãs, os quais se
acreditam foram descritos por T. P. Vukanovic. No resto da
região, os termos em sérvio
vampirovic,
vampiric
(assim como em bósnio,
lampijerovi etc.),
literalmente significando ‘filho de vampiro’ são usados. Em
outras regiões a criança é chamada ‘Vampir’ se é menino e ‘Vampiresa’
se é menina, ou ‘Dhampir se é menino e ‘Dhampiresa’se é menina.
No folclore búlgaro são usados numerosos termos, tais como:
glog
(lit. ‘hawthorn’),
vampirdzhiya
( vampire + nomen agentis suffix),
vampirar ( vampire + nomen agentis suffix),
dzhadadzhiya e
svetocher são
usados para referir crianças vampiro e descendentes, assim como
aos caçadores de vampiros especializados.
Origem
Nos Bálcãs
acredita-se que o vampiro tem grande desejo por mulher, assim
ele retornará para manter relação íntima com sua esposa ou com a
mulher com quem simpatizava em vida. Na
verdade, em um caso registrado na Sérvia, uma viúva tentou
justificar sua gravidez ao seu último marido que supostamente
tornou-se vampiro, e houve casos de homens sérvios fingindo-se
vampiros, a fim de encontrarem a mulher desejada. Dizem no
folclore búlgaro que “vampiro” pode deflorar virgem, com esta
desculpa. Um vampiro pode também ir de uma vila para outra onde
ninguém o conhece, pode casar e ter uma criança lá. A atividade
sexual do vampiro parece ser peculiar dos eslavos, embora
similar motivo também ocorra nas lendas bielo-russa.
Aparências
Algumas tradições especificam sinais pelos
quais a criança vampira pode ser reconhecida. As lendas sérvias
afirmam que ela tem cabeça grande e ausência de sombra. No
folclore búlgaro indicações precisas incluem: ser ‘muito sujo’
nariz torto ou mesmo sem nariz tem corpo fofo, sem unhas e ossos
(esta última descrição física, peculiar é também descrita para o
próprio vampiro e tem uma profunda marca atrás, como um rabo).
Métodos de caça a vampiros
Entre os povos
balcânicos acreditam-se que a criança de um vampiro tem especial
habilidade de ver e destruir vampiros. Entre alguns grupos, a
habilidade de ver vampiros é considerada exclusiva de
dhampirs. Os poderes do
dhampir podem ser herdados da dhampir que deu à luz. Vários
meios de matar ou expulsar vampiros são reconhecidos entre os
povos da região, mas o
dhampir é visto como principal
agente para enfrentar vampiros. Métodos pelos quais um dhampir
mata um vampiro inclui tiro ao vampiro ou transfixando-o com uma estaca, bem como realizando uma
cerimônia que envolve usar ‘coroas’ para guiar o vampiro à sua
tumba. Se o dhampir não pode destruir um vampiro, ele pode
determinar que ele abandone a área.
Um dhampir é sempre pago e bem por seus
serviços. A quantidade de dinheiro varia, mas nunca se discute
pelo preço. O padrão de pagamento ao dhampir pode também incluir
comida e roupas. Algumas vezes, o dhampir é pago com gado, jóias
ou mulheres.
Charlatões viajando
na região das montanhas dos Cárpatos, nos Bálcãs e pela Europa
Oriental, se arvoram em dhampirs. Eles
se diziam os únicos que poderiam ver espíritos e realizavam
shows para os aldeões, que temerosos, pesarosos, tomados de
superstição acreditavam no individuo que assegurava ter seguido
na vila um morto recente, que ele dhampir iria resgatar.
Segue o texto em inglês:
“The word "dhampir" is associated with the
folklore
of the
Roma people
of the
Balkans,
whose beliefs have been described by
T. P. Vukanović.
In the rest of the region, terms such as
Serbian
vampirović,
vampijerović,
vampirić
(thus,
Bosnian
lampijerović
etc.) literally meaning "vampire's son", are used. In other
regions the child is named "Vampir" if a boy and "Vampiresa" if
a girl, or "Dhampir" if a boy and "Dhampiresa" if a girl. In
Bulgarian folklore, numerous terms such as
glog (lit.
"hawthorn"),
vampirdzhiya
("vampire" +
nomen agentis
suffix),
vampirar
("vampire" + nomen agentis
suffix), dzhadadzhiya
and svetocher
are used to refer to vampire children and descendants, as well
as to other specialized
vampire hunters.
Origin
In the Balkans it is believed that male vampires have a great
desire for women, so a vampire will return to have intercourse
with his wife or with a woman he was attracted to in life.
Indeed, in one recorded case, a Serbian widow tried to blame her
pregnancy on her late husband, who had supposedly become a
vampire, and there were cases of Serbian men pretending to be
vampires in order to reach the women they desired. In Bulgarian
folklore, vampires were sometimes said to
deflower
virgins as well. A vampire may also move
to a village where nobody knows him and marry and have children
there. The sexual activity of the vampire seems to be a
peculiarity of
South Slavic
vampire belief as opposed to other Slavs, although a similar
motive also occurs in
Belarusian
legends.
Features
Some traditions specify signs by which the children of a vampire
can be recognized. Serbian legends state they have a large head
and lack a shadow; in Bulgarian folklore, possible indications
include being "very dirty", snub-nosed or even noseless, having
a soft body, no nails and bones (the latter physical peculiarity
is also ascribed to the vampire itself), and "a deep mark on the
back, like a tail".
Vampire hunting methods
Among all Balkan
peoples it is believed that the child of a vampire has a special
ability to see and destroy vampires. Among some groups, the
ability to see vampires is considered exclusive to
dhampirs. The powers of a
dhampir may be inherited by the dhampir's offspring. Various
means of killing or driving away vampires are recognized among
peoples of the region, but the
dhampir is seen as the chief
agent for dealing with vampires. Methods by which a dhampir
kills a vampire include shooting the vampire with a bullet,
transfixing it with a hawthorn stake, and performing a ceremony
that involves touching "crowns" of lead to the vampire's grave.
If the dhampir can't destroy a vampire, he may command it to
leave the area.
A dhampir is always paid well for his services. The amount of
money varies, but there is never bickering over the price.
Standard pay for a dhampir may also include a meal or a suit of
clothing. Sometimes a dhampir is paid in cattle, jewelry or
women.
Charlatans traveling the regions around the
Carpathian Mountains,
Balkans
and elsewhere in
Eastern Europe
would claim to be dhampirs. They were believed to be the only
ones who could see the spirit and would put on elaborate shows
for villages. Once fear, grief and superstition took hold in a
village following a recent death, the dhampir would "come to the
rescue".
Para saber mais:
Elwood B. Trigg.
Gypsy & Demons, Divinities.
Seacacus: Citadel Press, 1973.Jean-Paul Clébert.
The
Gypsies. London Vista Books,
1963.
Isabel Fonseca.
Enterrem-me em pé — A longa viagem dos ciganos,
São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Melton, J. Gordon. O livro
dos vampiros, a enciclopédia dos mortos-vivos. São Paulo:
Makron Books do Brasil, Editora McGraw-Hill, 1994.
Olimpio Nunes. O povo
cigano. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1981.
Raymond Buckland. Magia e
mistério dos ciganos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
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